Mais um conto sobre Constelação Familiar e como podemos
estar presos a essas malhas invisíveis que nos arrastam aos problemas, Bert
Hellinger diz que “Todos fazemos parte de uma teia invisível” e como se você
não quisesse, mas essa força te arrasta ao fracasso e a problemas graves que
sozinho você não segue sair.
Vamos conhecer a história de Lúcia.
Lúcia pensava em dar cabo da sua própria vida, essa “Constelação”
era a última chance, ela não via saída para ela. Ela se sentia totalmente excluída,
a droga a levou a uma derrocada tão grande, que ela se afastou dos amigos, da
família, e a própria família tinha pavor dela. Ela chorava muito, pois era uma
força mais forte que a levava às drogas.
Ela até tentou “ir para Jesus” como muitos estavam
fazendo, aqueles que viviam com ela na “cracolândia”, mas sempre voltava a
derrocada.
E ela pensava como que pode?
Eu tentei assaltar a Cintia e ela me estendeu a mão.
Ela lembrava do dia que foi com um canivete no carro da
Cintia, e a Cintia abriu o vidro e falou Lúcia é você? Ela lembrava que fazia
meses que não tomava banho, e mesmo assim Cintia a colocou no carro, sem medo,
levou ela para a própria casa, deu banho, comida e roupas. A internou em uma
clínica da família dela, e fazia 2 meses que Lúcia não usava drogas, e agora
iria começar os tratamentos com terapias alternativas, ela estava na Clínica da
Família de Cintia numa roda sentada esperando começar a tal “Constelação
Familiar”.
Ela se lembrou quando Cintia, contou que fazia anos que a
procurava desde que tinha feito os cursos de Terapias Alternativas, querendo
usar o caso dela no TCC “trabalho de conclusão de curso”. Afinal Cintia era precursora de usar as
terapias alternativas junto dos tratamentos convencionais no tratamento á dependência
química.
E agora Lúcia estava ali sentada, como se fosse gente, de
banho tomado, cabelo e dente escovado, sentada esperando começar o Workshop de
Constelação. Todas as pessoas que ali estavam, a tratavam como se ela fosse
gente, isso para ela trazia muita vergonha, quantas pessoas ali podiam ter
sinto assaltada por ela.
Foi quando seu coração quase sai pela boca, pois ela vê
entrando na sala, os seus pais e seus irmãos. Ela abaixou os olhos de vergonha.
Cintia entrava com eles e os acomodou em 4 cadeiras
vazias dentro do grande círculo de cadeiras que tinha aquele grande salão.
Cintia em seguida pegou o microfone e cumprimentou a
todos, dizendo que muitos que ali estavam, seria a primeira vez. E que todos um
dia seriam atendidos, mas hoje seria o dia da Lúcia e mais 3 pessoas. E que
todos podiam participar, e que a participação era uma cura indireta, pois
quando participamos trabalhamos também o nosso “sistema”. Lúcia ouviu o termo “sistema”
e ficou curiosa e como se houvesse uma sinergia entre Cintia e Lúcia, Cintia
explica o que era o sistema, explicava o que era essa força maior que as
desarmonias sistêmicas causavam na família e usou o texto as “Ovelhas Negras”
de Bert Hellinger para explicar.
Cintia atendeu os 3 primeiros casos e foram constelações
intensa e Lúcia somente assistia e conforme o caso dos outros mais vergonha
sentia se recusava a olhar para os pais e seus irmãos, era muita vergonha.
Cintia então, diz que iria fazer a Constelação familiar
de Lúcia e pediu que todos do grande circulo se conectassem com aquele momento,
enquanto ela fazia uma prece pedindo que a “Espiritualidade Maior” a intuísse
em como desenrolar, afinal, Lúcia era amiga de Cintia de infância e ela
mergulhou na história, sabia de tudo através da família de Lúcia.
Cintia traz Lúcia ao seu lado e diz a todos, “Pessoal a
Lúcia é minha amiga de infância eu a conheço, praticamente desde que nascemos,
portando nem vou pedir para ela falar nada, eu também quero fazer de forma
oculta, para trazer consciência aas familiares de Lúcia de que a Dependência
Química é uma força maior que aprisiona a todos não só o dependente.”
Ela se levanta em silencio e coloca 2 pessoas no campo
sem explicar quem são quem. A primeira pessoa que ela escolhe é a Lúcia e a
segunda é o vício, ela vai perguntar a cada um qual o sentimento, a primeira
diz que tem o vontade de olhar para trás trazendo a para Cintia que era
necessário colocar algo ali, e a segunda olha para o mesmo lugar e diz a culpa
é deles. Em silêncio Cintia vai e coloca uma pessoa no lugar que eles estão
olhando e pede para a pessoa se conectar aos sentimentos e pergunta qual o
sentimento essa pessoa sente. Esta diz ” não quero olhar, eu sei que existe,
mas não quero olhar”, ela se vira de costas e aponta que o problema está aqui e
aponta para o chão.
Cintia entendendo o que era, diz “quem quiser entrar no
campo” pode entrar e ocupar um lugar. A sala tinha cerca de 80 pessoas sem
contar os familiares de Lúcia, todos entram no campo a grande maioria se deitaram
no chão como se fosse um mar de mortos e dois se colocaram em pé ao lado do
elemento que o representante Lúcia olhava e o então entra alguém que seria o representante
do pai e se sente preso a isso e olha para Lúcia e começa a chorar. Então ele
olha para fora, em seguida entra uma mulher faz o mesmo percurso, olhando para
o outro lado, os dois sabem que estão presos ali, mas não querem ver.
Cintia se levanta e pergunta aos pais de Lúcia se podiam falar
um pouco dos ancestrais, o pai de Lúcia queria sair dali pois ele achava que
não tinha nada ver com aquilo, mas diz eu sou filho de imigrante Alemão meu avô
veio para o Brasil fugindo da segunda guerra, minha mãe é brasileira filha de
portugueses, não sei quando vieram para o Brasil, a mãe de Lúcia diz, meu pai é
neto de português e minha mãe era descendente de índio com negro, conta-se que
minha tataravó foi laçada e obrigada a casar com meu tataravô, ela morreu dando
a luz ao meu bisavô e este casou-se com uma negrinha filha de ventre livre.
Ali Cintia entendia tudo o que acontecia, os
representantes ao ouvirem aquilo tudo, aqueles que estavam deitados se levantaram e pegaram pela
mão o representante do pai e o levaram para um canto da sala e se deitaram, e
os representantes deitados perto da representante da mãe, pegaram na mão dela e
a levaram para outra parte da sala e deitaram e no meio ficou a dependência
química andando de um lado para o outro não sabia para onde ir e o
representante dos problemas da ancestralidade se deita no meio da sala, quando
ele faz isso a representante da Cintia vai e se deita ao lado dele. Fica um
grande emaranhado de “mortos” e somente o representante do pai e da mãe de pé.
Cintia entendendo tudo que se mostrava, vai “desmaranhar
tudo isso”, levanta a representante da Cintia e pede para ela dizer.
“Eu vejo todos vocês!
Quando eu os vejo, eu vejo que eu represento muitos.
Quando eu me drogo eu sacio o vício de milhares
Quando eu bebo é em honra a muitos”
Ao falar isso, muitos se levantam e olham para ela.
Cintia então pede para a própria Lúcia entrar no campo e
pede para a Representante dela apenas reparar nos sentimentos.
Cintia pede para Lúcia dizer.
“Eu agora tenho consciência que a minha dependência está
relacionada a exclusão de muitos.
Eu vim trazer a cura ao nosso sistema
Eu liberto a todos, agora eu dou um lugar a cada um de
vocês
Vocês fazem parte do meu sistema, da minha história
Eu corto todos esses laços que nos prendem
Todos têm um lugar nesse sistema, eu dou lugar a cada um
de vocês
E agora eu posso ocupar o meu lugar.
Eu trago uma luz a esse sistema e deixo em processo
Eu entrego todos vocês a espiritualidade maior
Sigam em paz”
Quando ela termina de falar isso, é como se todos os
representantes dos milhares de mortos pudessem sair do campo.
Se levantam então 5 pessoas e o vício abraça ainda 3
pessoas olhando para um dos representantes.
Cintia pergunta a esses que estão de pé, qual o
sentimento deles, e os três dizem “a culpa é dele, ele nunca pode ser nosso Pai,
ele sempre foi ausente”, e também é culpa dela, apontando para a representante
da mãe, “ela nos sufoca” nesse momento entra uma mulher no campo e abraça dois
representantes e diz, eles tem de saciar nossa vontade eu represento uma
legião.”
Lúcia entende que o homem de costas e não quer olhar é
seu pai, a mulher olhando apenas para duas pessoas abraçadas a outra mulher é
sua mãe e aqueles dois são seus irmãos e entende que ela é que está de pé
abraçando o vício.
Cintia pergunta para Lúcia, você entendeu tudo, ela diz “sim”.
Cintia vai até a mulher que aprisiona os representantes
dos irmãos de Lúcia e pergunta a ela, qual sentimento e ela diz, “eu quero levá-los
para minha cama e eu represento muitas e até muitos”.
O vício pelas drogas diz e “eu também vou arrastar ela,
pois a culpa é deles”, apontando para os representantes dos pais, eles só olham
para estes, apontando para os representantes dos irmãos, e o vício diz, de
certa maneira “eu acorrento a todos e não vou soltar”.
Cintia como se soubesse que se ela trabalhasse a Lúcia
agora liberaria os irmãos do vício do sexo, além e tudo ela é a primogênita, e vai
com Lúcia até os representantes dos pais e diz.
“Meus pais, eu agradeço peça vida que vocês me deram e as
tomo com amor
Eu entendi agora e vim trazer a cura para toda essa
família.
São milhares que se libertam.
Minha mãe, eu peço agora com muito respeito para cortar
esse cordão que nos aprisiona é ele nos torna dependente e isso faz que eu
busque nas drogas eles no vício do sexo, uma maneira de nos libertar, mas a
estrutura de vícios é uma só.
Com muito respeito a senhora, eu corto agora esse laço
que nos prendia.
Eu jogo luz e deixo em processo de cura”
Ao falar isso, o representante da mulher e do vício saem
do campo, mas ainda olham a todos.
Cintia então leva os três até ao pai e pede que Lúcia
diga.
“Pai, eu nunca soube dizer, NÃO ÀS DROGAS, porque além de
eu estar presa a nossa ancestralidade, eu estava presa no cordão da minha mãe,
pois somente através da mão do pai o filho ganha um lugar no mundo.
Eu te peço, você me dá um lugar no mundo.”
O representante do pai chora desesperado e abraça os 3
filhos.
Como em um clamor Cintia pede para ele dizer.
“Eu sinto muito era uma força maior que me impedia de eu
me aproximar de vocês, eu usei o trabalho para ser ausente em honra a essa
força, TUDO ISSO era sistêmico e serviu ao sistema, mas agora estou livre e
levo vocês para a vida.”
Quando ele fala isso a representante da mãe começa chorar
e gritar NÃO.
Cintia vai com muito respeito e a vira de costas. E pede
para que Lúcia diga.
“Mãe, eu corto com muita força esse cordão que nos
aprisiona e nos torna dependente.
A sua história com meu pai é sua, eu agradeço a vocês
pela vida que me deram, mas sigo em direção a vida.”
A representante de Lúcia pega na mão dos representantes
dos irmãos e do representante do pai e vão em direção a vida.
Quando Cintia vê, seu José Carlos se levanta e pergunta “eu
posso me representar”, ele chama seus filhos Maurício e Lucas para entrarem no
campo e abraça os 3 três e chora muito.
Ao aliviar o choro, Cintia pede que ele diga.
“Meus filhos eu não os abandonei, eu abandonei o
casamento com sua mãe, mas não a vocês, ela não me permitia que eu os visse, eu
sofri de longe.
Eu saí de casa, achando que se fizesse, isso faria o bem
a vocês. Pois, nosso relacionamento tinha acabo eram muitas brigas.”
D. Marli, a mãe de Lúcia, ao ouvir isso grita isso “isso é
palhaçada eu vou embora” e sai da sala.
Cintia pede para o pai dasse O LUGAR NO MUNDO AOS FILHOS
e a ENERGIA YANG para dizer NÃO AOS VÍCIOS e ter um lugar no mundo.
Com muito respeito e amor esse pai diz.
“Filhos te apresento a vida, vivam ela intensamente, eu
passo a minha energia Yang, para que vocês saibam falar NÃO aos vícios saibam
se posicionar no mundo e saibam fazer suas escolhas e agora eu posso ocupar o
meu lugar.
Cintia traz o pai de Lúcia até onde está a representante
da mãe, que está por sua vez, reage assim como a D. Marli fez, diz “isso é uma
palhaçada não quero fazer parte disso me sinto excluída”.
Cintia pede para que seu José diga. “Marli, eu me separei
de você e não dos meus filhos, quando você me impedia de vê-los, você os
tornava dependentes de você e como se eles quisessem se libertar, a Lúcia
procurou as drogas e os meninos o vício no sexo, você quer que a Lúcia morra de
overdose, ou os meninos morram de AIDS?”
Como se do nada D. Marli entra na sala e diz NÃO, eu amo
meus filhos e chorando vai e abraça os três, e seu José os abraça e todos
choram intensamente.
Cintia espera todos chorarem e entre si pedirem perdão e
pede que D. Marli diga.
“Meus filhos eu estava imersa nos meus problemas, peço
que me perdoem e sigam o seu caminho eu entrego vocês ao seu pai, mas sempre
serei mãe de vocês.”
E assim finalizou a Constelação.
Depois disso, toda a família passou por tratamento
terapêutico por mais 9 meses, muita Constelação, Regressão a Memórias passadas,
processos de Coaching Estrutural Sistêmico com muita PNL “Programação
Neurolinguistica” para reprogramar o cérebro, todos aliados ao tratamento
médico e ao atendimento com psiquiatra.
E chegou o dia de Lúcia ter alta e sair da clínica. Todos
estavam ali para vir buscá-la, nesse período que Lúcia esteve internada ela se
interessou pela Constelação Familiar e fez o curso com a Cintia, era então uma
comemoração dupla a saída da clínica e o certificado de conclusão do curso que
a tornava apta para trabalhar na área.
Lúcia ao sair, ganhou da amiga diversas bolsas de estudo
para se preparar fez cursos e faculdade junto, e se formou. E Cintia e Lucia e
hoje ela trabalha na clínica ajudando as pessoas.
Lúcia conheceu Marcos e se casaram e tem uma filha, seus
irmãos também se casaram e vivem muito felizes, toda família se curou e vive
muito feliz.
Pessoal a história de Lúcia é uma crônica de como funciona
sistemicamente os vícios, eles representam muitos excluídos, mas principalmente
geralmente acontece quando o filho é dependente e tem uma mãe forte que impede
que esse filho de se aproximar do pai e tenha um lugar no mundo. Também
acontece quando o pai foi embora e a mãe foi a famosa “PÃE”, transformando os
filhos em “dependentes”. Ou também como o caso de Lúcia existiam uma “legião de
excluídos” pedindo lugar e quando ela se drogava era em favor de muitos.
Que essa crônica te traga uma luz.
Abaixo segue um vídeo de um atendimento que fiz sobre
vícios.
Importante dizer que todo caso de vício uma sessão apenas
não resolve, alivia, mas é um processo que deve ser feito junto do médico de
tratamento de psicanálise tradicional, todos os profissionais em conjunto
trabalhando pela cura da família, não apenas do paciente.
Muita paz amor e luz.